Travesti barbudo dá à Áustria vitória no concurso Eurovision 2014

  • Reuters

    Conchita Wurst, a cantora austríaca que venceu o Festival Eurovision, dedicou, neste domingo (11), a vitória aos que acreditam em um futuro sem discriminação

    Conchita Wurst, a cantora austríaca que venceu o Festival Eurovision, dedicou, neste domingo (11), a vitória aos que acreditam em um futuro sem discriminação

A Áustria venceu, neste domingo, em Copenhague, a 59ª edição do concurso Eurovision, graças ao travesti barbudo Conchita Wurst, que cativou o público apesar da polêmica inicialmente suscitada em alguns países do leste europeu.

Por trás deste personagem está Tom Neuwirth, um cantor de 25 anos que conquistou o público de 37 países votantes não só pela extravagância, mas também por seu talento musical.

Tanto na semifinal quanto na final, sua performance vocal impressionou na interpretação de "Rise Like a Phoenix", uma canção vibrante, acompanhada de violinos. Era quase possível esquecer da farta barba negra que, curiosamente, cobria o rosto delicado.

Sua vitória foi indiscutível, com 290 pontos contra 238 pontos da candidato da Holanda, sua concorrente, segunda colocada com uma canção country.

Conchita Wurst, que ficava cada vez mais emocionado à medida que os pontos eram atribuídos, dando-lhe a dianteira, caiu em prantos no palco.

"Nós somos a unidade e nada pode nos deter!", disse ao público, antes de interpretar a canção vitoriosa pela segunda vez na noite.

"Parabéns Conchita! Formidável votação. Cidadãos da UE, utilizem agora seu direito de voto por uma Europa aberta", escreveu no microblog Twitter a ministra sueca de Assuntos Europeus, Birgitta Ohlsson, em alusão às eleições europeias, que serão celebradas entre 22 e 25 de maio.

O Eurovision é muito popular entre o público homossexual e a cidade de Copenhague celebrou a união de três casais do mesmo sexo russos por ocasião dos 25 anos dos casamentos homossexuais na Dinamarca.

Mas na Rússia, na Bielo-rússia e na Ucrânia, petições circularam para protestar contra a participação do candidato travesti, ilustrando o abismo entre a Europa ocidental e oriental sobre a visibilidade dada aos gays.

Os olhares estavam voltados para a Ucrânia, primeiro país a se apresentar com uma canção neste sábado para um público estimado em 170 milhões de telespectadores, tomando como base a audiência em 2013.

A ucraniana Mariya Yaremtchouk, de 21 anos, interpretou "Tick-Tock" em inglês, diante de um homem que corria em uma roda gigante, similar à das gaiolas de hamsters. Se não fossem as tensões com a Rússia, ela não passaria de uma candidata banal, mas a cantora esperava se beneficiar do clima de simpatia dos jurados internacionais.

Para a Rússia, as gêmeas Anastasia e Maria Tolmatchevy ficaram com a 15ª posição entre 26 candidatos com a interpretação de "Shine". Assim como na TV, a reação do público de Copenhague parecia morna, mas quando o Azerbaijão começou a atribuição de pontos, os 12 dados à Rússia foram acompanhados de vaias.

Acostumada com performances ruins, a França, com o grupo Twin Twin, terminou na última posição após a apresentação do tema "Moustache".

Como manda a tradição, após a vitória de Conchita, a Áustria deve sediar a 60ª edição do Eurovision em 2015. Sua única vitória anterior a esta remonta a 1966, com a cação "Merci, chérie", interpretada por Udo Jürgens.

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