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15/01/2011 - 12h48

Final de "Passione" afronta o senso comum

Mauricio Stycer
Crítico do UOL
  • Silvio de Abreu reservou finais supreendentes para a vilã Clara (Mariana Ximenes), e para o trio formado por Berillo (Bruno Gagliasso), Jéssica (Gabriela Duarte) e Agostina (Leandra Leal)

    Silvio de Abreu reservou finais supreendentes para a vilã Clara (Mariana Ximenes), e para o trio formado por Berillo (Bruno Gagliasso), Jéssica (Gabriela Duarte) e Agostina (Leandra Leal)

Comparada à “Viver a Vida”, que ocupou a atenção do espectador como um barco numa lagoa, “Passione”, que a sucedeu, ofereceu as emoções de uma viagem a bordo de um transatlântico em alto mar.

A trama de Silvio de Abreu enfrentou os típicos altos e baixos de uma viagem longa, iniciada em 17 de maio de 2010. Divertiu, emocionou e irritou seu público, como se espera de uma telenovela. Provocou discussões, causou polêmicas, foi alvo de chacota – não deixou de ser assunto ao longo de oito meses.

O último capítulo, exibido nesta sexta-feira, teve dois pontos altos, pela coragem de afrontar o senso comum. Primeiro, a defesa aberta e sem meias palavras do casamento de Berillo com suas duas mulheres. Segundo, a vitória da vilã Clara, capaz de enganar não apenas a polícia e todos os mocinhos da trama, mas também seu colega de maldades, Fred, que pagou por um crime que ela cometeu.

Silvio de Abreu cumpriu quase tudo que prometeu em “Passione”, inclusive um assassinato (do vilão Saulo) por volta do capítulo 100, que mudou totalmente o rumo da trama. Não gostei desta guinada, que transformou a novela num romance de Agatha Christie, mas é evidente que o mistério aumentou o interesse do público pela história e elevou o seu Ibope.

“Passione” teve ótimas tramas e grandes personagens. O núcleo cômico, formado pelos emergentes do Tatuapé, e todos seus agregados, além de Berillo e suas duas mulheres, divertiu do início ao fim.

O par principal de vilões, encarnado pelos pobretões ambiciosos Fred e Clara, deu show de maldades. Igualmente, o mau caráter Saulo fez tudo e mais um pouco que se espera de um vilão milionário. Também achei bem interessante, pelos problemas que levantou, o clã absurdamente desestruturado dos Gouveia, incluindo a família de Saulo.  

Como a maioria dos espectadores, fiquei frustrado com o “segredo de Gerson” e achei a heroína Diana uma das personagens mais sem graça da novela. O núcleo italiano, em particular os três filhos homens de Totó, teve pouquíssima função dramática. E alguns personagens essenciais não foram representados por atores à altura, caso evidente da Stela de Maitê Proença.

A novela reuniu um elenco de primeira. Nenhum dos veteranos decepcionou. Ao contrário, fizeram valer cada cena que o autor ofereceu a eles. Palmas para Cleyde Yáconis, Fernanda Montenegro, Aracy Balabanian, Irene Ravache, Vera Holtz, Daisy Lucidi, Francisco Cuoco, Flavio Migliaccio, Tony Ramos, Leonardo Villar, Elias Gleizer e Emiliano Queiroz.

Mariana Ximenes e Reynaldo Gianecchini me surpreenderam positivamente. Também gostei do trio formado por Leandra Leal, Gabriela Duarte e Bruno Gagliasso. Destaco, ainda, os ótimos desempenhos de Werner Schunemman (Saulo), Julio Andrade (Arturzinho), Marcelo Médici (Mimi), Bianca Bin (Fátima), Simone Gutierrez (Lurdinha) e Andrea Bassit (Guida).

“Passione”, em resumo, foi uma boa companhia nesse tempo todo. Afinal, não é isso o que esperamos de uma novela?

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL.

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