Big Brother Brasil 10Crítica

10/03/2010 - 01h05

Sobre chimpanzés, veados e trogloditas

MAURICIO STYCER
Crítico do UOL
  • Reprodução

    Depois de gritar "apesar de ser viado, 'seje' homem", Dourado se explica a Dicesar

Pedro Bial recorreu ao antropólogo inglês Richard Wrangham para fazer, na noite de terça-feira, não um sermão sobre a eliminação de Eliéser, que ele desprezou, mas um discurso dirigido a todos os participantes do BBB, na qual traçou um paralelo entre os confinados, o público que se identifica com eles e os chimpanzés.

Professor de Harvard e diretor de um programa de estudos sobre macacos no Parque Nacional Kibale, em Uganda, Wrangham publicou em 2009 o livro “Pegando Fogo”, no qual defende a tese que o grande salto da evolução deu-se não por causa da inteligência ou da capacidade de adaptação, mas no momento em que o homem aprendeu a cozinhar.

Sem que a sua audiência soubesse do que se tratava, Bial leu um trecho da obra na qual o antropólogo descreve o comportamento dos macacos – agressivos, dissimulados, em busca de afeto. Seria possível pensar que falava dos candidatos ao prêmio de U$ 1,5 milhão e, por tabela, também do público, já que avisou aos confinados antes de começar a leitura do livro. “O programa atrai pessoas muito semelhantes a vocês”, disse.

Talvez tenha sido coincidência, mas o discurso ocorreu na mesma noite em que Mr. Edição exibiu com mais detalhes a discussão entre Dourado e Dicesar, ocorrida domingo, logo depois de encerrado o programa. “Apesar de ser viado, 'seje' homem”, gritou o lutador com o maquiador, agredindo os homossexuais e a língua portuguesa no ápice de sua raiva por ter sido indicado ao paredão.

Antes de fazer sua escolha, Dicesar havia dito a Dourado: “Depois de três paredões você merece dar uma acalmada”. O lutador entendeu – corretamente – que não seria indicado pelo maquiador. Daí a sua explosão, quando se comportou, para ficar no terreno de Wrangham, como um “troglodita”.

Ao encerrar a leitura do trecho do livro do antropólogo, Bial avisou: “O jogo vai começar agora”. Será? Depois de 57 dias, o programa, na verdade, parece se preparar para voltar a subir uma colina que já havia escalado antes, mas desceu, sem notar. É sintomático que o apresentador não tenha revelado o número de votos no paredão desta semana.

Excluindo a briga entre Dicesar e Dourado, faltou pimenta. Em compensação, a edição foi recheada de quadros de humor. Foi o programa mais engraçado do BBB10, com piadas sobre as três mulheres que sobreviveram na casa, uma “novela mexicana” encenada por Dourado e Maroca, um quadro sobre “os melhores atores do mundo”, brincando com a ideia que os candidatos seguem roteiros e encenam situações, uma montagem sobre o “casal” formado por Michel e Serginho, finalizando, como cereja do bolo, com uma conversa sobre o hábito de Dicesar cheirar as cuecas de Michel.

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL.

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