Big Brother Brasil 10Crítica

16/02/2010 - 23h37

"Bial não é imparcial", reclamam dentro e fora da casa. E daí?

MAURICIO STYCER
Crítico do UOL
  • Divulgação/Globo

    Pedro Bial tem sua "imparcialidade" como apresentador criticada dentro e fora da casa do BBB

Leitores de diferentes fã-clubes escrevem diariamente para protestar contra as intervenções de Pedro Bial nos momentos em que aparece ao vivo no BBB. Reclamam que determinado comentário beneficiou Fulana em prejuízo de Sicrana, ou vice-versa. Apontam “provas” da preferência do apresentador por uma candidata em detrimento de outra. Pedem que seja mais isento. Gritam: “Bial não é imparcial!!!”

É um fenômeno curioso. Bial construiu uma carreira como jornalista – primeiro repórter dos noticiários da TV Globo, depois apresentador do “Fantástico”. Desde 2002 à frente do BBB, empresta ao programa a credibilidade que acumulou como jornalista, mas atua como profissional da área do entretenimento. Isso parece confundir o público e os candidatos, quando avaliam Bial sob a métrica utilizada para julgar jornalistas. Ele foi objetivo? Isento? Imparcial? Justo?

Bial pode até se preocupar com estas questões à frente do BBB, como mostrou nesta terça-feira. “Sempre disse que torço, sim. Torço contra todos. Meu papel é dificultar o papel de vocês”.

Ao se ver obrigado a dar uma satisfação aos candidatos – e aos espectadores que os apoiam – Bial de certa forma concordou que precisa passar uma imagem de imparcial. Mas não é por ai, acredito, que deve ser avaliado. Como ele próprio disse em seguida, o apresentador é “mais um elemento deste jogo”.

Eu diria que Bial é uma das três pontas de um tripé cuja preocupação central, como disse Boninho ao UOL, é provocar o público e dar audiência. “Faço o BBB da forma que deve ser feita, popular, provocativo, apelativo. É pra pegar o povão, as rodas de conversas, de todas as classes e de dar audiência”, disse o diretor do programa três semanas atrás.

Bial, Boninho e Rodrigo Dourado, o Mr. Edição, trabalham em conjunto, cada um com as suas armas, para alcançar os objetivos enunciados com toda franqueza pelo diretor. E vale quase tudo, eles têm mostrado, ano após ano, nesta disputa pela atenção do público.

O BBB é um jogo, sim, mas de um tipo muito específico, que conta com regras flexíveis, que variam ao sabor dos acontecimentos e objetivos do diretor. Ao recolocar Alexandre Frota na “Casa dos Artistas” dias depois de ele ter saído, Silvio Santos levou ao limite a ideia que a principal regra deste tipo de programa é não ter regras. Boninho ainda não chegou a tanto, mas este ano mandou para o confinamento dois ex-participantes de edições anteriores.

A uma leitora que reclamou recentemente no Twitter que determinada regra foi burlada ou desrespeitada, o diretor, num raro momento em que perdeu a paciência, disse: “Meu amor, no seu BBB você decide o que é certo e errado. Nesse faço eu!” É uma ilusão esperar “imparcialidade” do apresentador de um jogo com essas características. “Um jogo insano”, como já disse Boninho.

É fácil entender por que espectadores que se identificam com determinados candidatos, ou odeiam outros, fiquem tão indignados com Bial, Boninho e Mr. Edição, convictos de que eles estão pesando a mão em favor de um ou outro lado da disputa. Mas não acredito que eles façam isso intencionalmente para favorecer ou prejudicar alguém. Para o trio, de fato, isso não importa. Eles estão apenas nos convidando a torcer mais e mais.

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL.

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