11/01/2010 - 00h47

Público não vê a maior parte do ridículo protagonizado por André

MAURICIO STYCER
Crítico do UOL

André Segatti toca a música "Alegria" (8/1/10)

Fascinado com o nascimento de uma potra, André vira-se para Cacau e diz: “Foi um presente de Deus muito forte. Foi um sonho e foi um sonho bastante real. Porque sonhei com a cor, com a manchinha na testa, com as patinhas brancas. E aí nasceu exatamente igual.” Surpreendida por essa sensibilidade divina, Cacau, com voz de criança, só consegue responder pra André: “É o padinho dela, o padrinho dela”...

Em outro momento, cansados, como todo o público, de ver André cantando um treco que ele chamou de música, criada especialmente para a égua, Leozinho e Igor não resistem e riem abertamente do figurante da Turma do Didi: “Olha aí, não pode fazer barulho”, implora Leozinho. “Vai baixar a imunidade (da potra)”, ironiza Igor.

Irritado com a história, Igor pode ter colocado o dedo na ferida, em conversa com Karina, ao sugerir que André estaria encenando toda esta sua paixão pela égua: “Eu gosto de falar algumas coisas que deveriam ser faladas. Você acha que as pessoas que vão pra roça ficam fazendo cenas a mais para garantir sua estadia?”.

Curiosamente, essas três cenas não foram exibidas na noite de domingo, no programa que mostrou os melhores momentos da semana e ajudou o público a decidir quem deveria sair da “Fazenda” – indicado, Andre sobreviveu e viu a ex-dançarina do Tchan, Sheila Melo, ir embora.

É preciso reconhecer que tivemos o privilégio de assistir uma das cenas mais constrangedoras da televisão brasileira em 2010 (um ano que está só começando), protagonizada pelo inacreditável André: sentado na porteira, o ator tocou a música que criou para a égua ao violão, como se estivesse fazendo uma serenata para a mulher amada. “Essa eguinha é uma benção. Eu estava aqui falando o poema pra ela e ela começou a saltar”, contou para Cacau.

Para agravar a situação, Britto Jr, no esforço de animar o que parece ser impossível de ganhar vida, só repete platitudes:

“Chegou a hora da verdade para vocês”.
“Que semana foi essa?”
“A noite promete”.
“Essas imagens são só pra você de casa. Que privilégio!”

No seu momento mais fora do script, o apresentador disse: “Os três que estão aqui (na roça) são jovens, inteligentes... e são loiros”. Com esse tipo de ajuda dos roteiristas, a situação fica cada vez mais difícil na “Fazenda”.

Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL. Jornalista desde 1986,
já trabalhou no "Jornal do Brasil", "Estadão", "Folha de S.Paulo", "Lance!",
"Época" e "CartaCapital", entre outros.

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