Só uma "personalidade da mídia" pode se sentir "protegida" em reality show

Mauricio Stycer

Mauricio Stycer

Crítico do UOL

A decisão de Ângela Bismarchi permanecer na “Fazenda” depois de saber da morte violenta da irmã foi o momento mais polêmico desta edição do reality show, muito mais impressionante que qualquer briga de Nicole Bahls.

Um mês depois desta decisão, Ângela foi eliminada com altíssima rejeição (87% dos votos), na primeira ocasião em que enfrentou o julgamento do público. E se vê agora diante da necessidade de explicar o seu gesto.

Na manhã desta sexta-feira, horas depois da sua saída do programa, ela falou ao programa “Hoje em Dia”. Disse que decidiu permanecer confinada porque se sentiu “protegida” dentro da “Fazenda”. A explicação só faz sentido na cabeça de uma pessoa que a Record apresentou como “personalidade da mídia”.

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Referindo-se ao assassinato do primeiro marido, Ox, dentro de casa, ela disse: “Já passei por isso, com a morte do meu ex-marido. Eu sofri muito. E as pessoas não respeitaram meu luto na época. Fui muito bombardeada. E essa foi uma das decisões, quando resolvi ficar na 'Fazenda', me senti protegida lá”.

A ideia de que alguém possa se sentir “protegido” dentro de um reality show é fascinante. Espaço da exposição pública da intimidade 24 horas por dia (menos quando a Record corta as imagens), “A Fazenda” é tudo, menos um local protegido.

Reagindo às críticas que sofreu por ter decidido permanecer no programa, Ângela disse também: “Nós não somos ninguém pra julgar. Eu não tô aqui pra julgar ninguém nem ser julgada. Foi uma decisão minha (ficar). Não me importo se falaram mal.”

Eis outra ideia que não combina com o perfil de um participante de reality show. Como todos os demais, Ângela passou os 50 dias que ficou dentro da “Fazenda” fazendo julgamentos sobre o comportamento alheio. Faz parte do jogo.

Por fim, um comentário sobre o final do programa de quinta-feira. "A vida é cheia de surpresas desagradáveis e boas também", disse Britto Jr. ao se despedir de Ângela. Não seria possível falar um clichê maior.

 

Mauricio Stycer

É jornalista desde 1986. Repórter e crítico do UOL, autor de um blog que trata da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor. Conheça seu Blog no UOL

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